fbpx

E-fisio

Lesões musculares: da avaliação ao tratamento

Lesões Musculares

Lesões Musculares: da avaliação ao tratamento Lesões musculares costumam ser uma das principais causas de incapacidade decorrente da prática de atividade física, seja para atletas de alto rendimento ou atletas amadores. Mesmo sendo um termo amplo, que pode compreender uma dor muscular de início tardio até uma avulsão músculo-tendínea, abordaremos aqui desde a avaliação, passando pelo tratamento até o retorno às atividades e/ou esporte.   Por: Bruno Grüninger 18 de janeiro de 2023 Estima-se que até 50% das lesões sofridas pelos atletas envolvam tecido moles. A incidência exata pode variar ainda mais de acordo com a modalidade escolhida. No levantamento de peso, por exemplo, estima-se que 60% das lesões da modalidade são musculares, acometendo principalmente os membros superiores. Já no atletismo, 30% das lesões acometem músculos dos membros inferiores (Edouard, Branco e Alonso, 2016).   No futebol, em um estudo retrospectivo que levantou dados de 3 temporadas do campeonato brasileiro (2016, 2017 e 2018), foram notificadas 577 lesões musculares, representando 35% de todas as lesões e com o tempo médio de afastamento de 16 dias.  Além de sua alta taxa de incidência, um outro problema que costumamos enfrentar são as altas taxas de reincidência, que é considerado quando a mesma lesão acontece em um período de até 12 meses pós a alta do paciente. Além de ser sempre desafiador, essas reincidências geram ainda mais ansiedade tanto para o paciente quanto para o Fisioterapeuta, fatores que podem atrapalhar o nosso dia-a-dia. Pensando um pouco mais além, a parte financeira também pode ser impactada de acordo como contexto que estamos inseridos, seja para o paciente, para o atleta profissional ou para o clube. Um levantamento feito na “Premier League”, o campeonato de futebol inglês, apurou que as lesões custam para os clubes ingleses, em média, 45 milhões de libras por temporada, algo em torno de 280 milhões de reais (na cotação atual, jun/2022), seja pela perda de interesse do público, pela perda esportiva do próprio clube, pelos gastos com o atleta afastado. Para o paciente, o impacto também pode ser sentido com a utilização de exames de imagens ou dias afastados do trabalho, por exemplo. Além desses números impressionantes, pesa para a Fisioterapia a importância que o tratamento conservador pode ter nesses casos. Só que “com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”: o tratamento conservador, quando falha, pode trazer duras consequências funcionais. Por fim, a complexidade do manejo de lesões musculares é algo notável. Embora o diagnóstico seja basicamente clínico, nota-se uma evolução no processo de avaliação por imagens, o que pode ajudar a vida de quem está no dia-a-dia do consultório. Somado a isso, diferentes modalidades de tratamento são propostas e, por mais que sejam, atualmente, controversas, ainda são utilizadas. Perguntas como: “Quando iniciar exercícios? Quais exercícios são os melhores? Como planejar o tratamento? Quais são os critérios de retorno ao esporte que posso usar?” São várias perguntas que ainda precisamos de melhores e mais completas respostas. E usar o apoio da ciência, nesses casos, também é difícil por há uma notável escassez de boas pesquisas clínicas nessa temática.  Nossa ideia com esse guia é abordar os principais aspectos de uma lesão muscular, suas características principais, aspectos do tratamento Fisioterapêutico, critérios de alta e estratégias de prevenção.    Definição das lesões musculares Tradicionalmente, as lesões musculares costumam ser categorizadas em: dor muscular de inicio tardio, estiramentos e contusões. Atualmente, há uma linha de pensamento que classifica as lesões como lesões funcionais ou lesões estruturais, sendo que as lesões funcionais representam casos de dor por esforço, fadiga muscular ou causas neurogênicas como cãibras. Por outro lado, as lesões estruturais são as que apresentam alteração macroscópica dos músculos, normalmente visível por exames de imagens, que demonstram rompimento de fibras. (Ver item: Classificação das lesões musculares). Normalmente as lesões funcionais estão relacionadas às queixas musculares, mas que nem sempre impedem a pessoa de realizar a suas atividades, sejam elas laborais ou esportivas, diferente das lesões estruturais que costuma vir acompanhada de incapacidade.  No entanto, essas nomenclaturas divergem de um lugar para outro e dificultam a procura por melhores ferramentas de tratamento.  Epidemiologia das Lesões Musculares Em um contexto de esporte, a incidência de lesões musculares costumam ser 6x maiores em jogos quando comparadas à treinos e em torno de 90% das lesões afetam os membros inferiores. A imagem abaixo representa a porcentagem de lesões por área do corpo, levando em conta jogadores de futebol da elite do futebol Europeu.  Figura 1. Principais músculos lesionados nos MMII. Fonte: Autor  Isso significa que, em um clube de futebol com 25 jogadores por exemplo, podemos esperar 15 afastamentos por lesão musculares (EKSTRAND; HÄGGLUND; WALDÉN, 2011; MUELLER et al., 2013). Além disso, parece haver uma relação importante do surgimento da lesão muscular com a idade, ou seja, quanto mais avançada a idade, parece haver uma incidência maior das lesões musculares.  Como se não bastasse, estudos apontam ainda que, em média, 18% das lesões musculares costumam ser recidivas, o que aumenta em torno de 30% o tempo de retorno dos atletas.  Em relação aos isquiotibiais, a lesão que mais costuma afetar atletas, 83% acometiam o bíceps femoral, 12% afeta o semimembranoso e 5% o semitendinoso.  Anatomia e biomecânica das lesões musculares Com o objetivo de simplificar nosso entendimento ao olhar para o músculo de uma forma mais microscópica, podemos dividir o musculo esquelético em dois compostos: miofibras e tecido conectivo. A fixação de cada miofibra nos tendões podem sofrer cargas que chegam ao 1000 kg, já que em sua composição há específicas moléculas de proteína que tem o objetivo de fazer a integração entre miofilamentos contrateis e a matriz extra-celular. Um outro componente relevante nesse “caldo” que está se formando são as células-satélites, que ao sinal de lesão, começam a se diferenciar para formação de uma nova miofibra.  Para pensar nas lesões musculares, devemos relembrar aspectos básicos de anatomia, já que músculos biarticulares costumam ser os mais acometidos. Isso pode ser explicado, em partes, por apresentaram uma maior velocidade de contração e, ao mesmo tempo, apresenta menor capacidade de suportar

 

Olá

Registre-se conosco para poder colaborar com artigos e conteúdos.

Ou entre caso já seja registrado.
Login