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Trauma Ortopédico

O trauma ortopédico / traumatologia ganhou forte evidência no pós guerra, este foi o momento em que se observou a necessidade de formar grupos especializados no tratamento dessas condições graves, foi então que os campos da saúde constituíram especializações para capacitar seus profissionais para a complexa reabilitação destes pacientes.

Por: Tamires Melo – São Paulo

Com base na definição de traumatologia através da American Heritage Dictionary, seus autores propõem que a traumatologia da reabilitação seja “o ramo da medicina que lida com o tratamento de feridas, lesões e deficiências graves, afim de restaurar a boa saúde e/ou vida útil do doente.” (2)

O trauma pode ser classificado de diversas maneiras, comumente e de forma bastante generalista, podemos caracterizar como contundente ou penetrante. Exemplos de traumas contusos são quedas, colisões, espancamentos e lesões por esmagamento em que o objeto não penetrou os tecidos do indivíduo; exemplos de traumas penetrantes são ferimentos por arma de fogo, arma branca e outros corpos estranhos como estilhaços de vidro e artefatos industriais que possam penetrar os tecidos. (2, 4, 5)

IMPORTANTE: 

Quando falamos de FRATURA, estamos nos referindo a perda da continuidade da cortical óssea devido lesão causada por mecanismos de forças externas, esta falha estrutural, impede o osso de transmitir de forma correta as cargas impostas a ele;

No entanto, as lesões causadas por uma fratura acometem múltiplos tecidos para além do osso propriamente dito, tendões, ligamentos, músculos e feixes de vasos arteriais, venosos e neurais são rotineiramente envolvidos e precisam ser considerados durante todo o processo de avaliação e reabilitação deste doente.

 

Incidência/Epidemiologia do Trauma Ortopédico

A maior parcela dos pacientes admitidos nos centros de trauma advém de acidentes automobilísticos graves causados por excesso de velocidade, consumo de bebidas alcoólicas, uso de celular e, na maioria dos casos, ocorrem com pessoas predominantemente do sexo masculino na fase de vida produtiva, entre 20 e 40 anos. (6)

Sabe-se que a maioria dos acidentes envolvendo motociclistas e ciclistas acarreta traumas de joelho, perna, punho e mão, visto que os membros são as regiões mais expostas nesses indivíduos. Grande parte dos traumas leva a deficiências e incapacidades que podem interferir negativamente na qualidade de vida das vítimas, gerando muitas vezes, dependência para a realização de algumas atividades diárias. (6)

Em contraste, o sexo feminino se mostra bastante prevalente quando observamos as idades a partir da quinta e sexta década de vida, este ponto diz respeito a fragilidade óssea aumentada nesta população devido a menopausa e diferenciação estrutural do tecido ósseo. (4, 5)

Além dos traumas decorrentes de acidentes de trânsito, é necessário mencionar os traumas oriundos de acidentes domésticos, provocados por quedas em escadas, de própria altura, cadeiras, pisos molhados, lajes, que frequentemente causam fraturas e outras lesões musculoesqueléticas. 

 

Tratamento na Traumatologia

A AO foundation foi uma grande percursora no avanço dos conceitos gerais de avaliação, classificação e tratamento dos traumas ortopédicos em geral e, para muito do que foi descrito na década de 50, observamos vigorar até os dias atuais seus princípios. (5)

Quatro princípios básicos definem a tomada de decisão e o prognóstico destes pacientes, eles estarão descritos a seguir:


Redução anatômica dos fragmentos

Tentativa de organizar o segmento para o mais próximo da anatomia padrão através de ajuste mecânico de redução que acontece em diferentes planos. 

Plano coronal: correção de varo e valgo

Plano sagital: as correções ântero-posteriores

Plano transversal: as correções rotacionais.

Estas correções são realizadas através de sínteses em que, para cada escolha diferente do tipo de material feita pelo médico, podemos ter diferenciações na reabilitação, principalmente no que diz respeito ao manejo da descarga de peso.


Fixação Rígida

A fixação rígida faz referência a uma fixação do tipo absoluta em que ocorre a compressão dos fragmentos fraturários sem qualquer tipo de movimentação entre eles, ocorrendo consequentemente, uma cura por primeira intenção.

Este tipo de consolidação se aproxima de forma mais efetiva do que seria a reconstrução da parte anatômica “ideal”, devido a não formação de calo ósseo, mas, vale levar em consideração aqui, que para a escolha de tratamento conservador através de imobilização apenas, follow ups grandes de 12/24 meses, não mostram prejuízo dos indivíduos que não trataram com cirurgia, a depender do segmento tratado e características do trauma e paciente.


Preservação da Vascularização

O método de tratamento que apresentar o menor dano possível a parte vascular, sempre será levado em consideração, evitando as condições de desperiostização, desvitalização e a necrose óssea resultante da falta de suprimento sanguíneo.


Mobilização Precoce no Trauma

A mobilização precoce aumenta a capacidade de funcionalidade dos indivíduos e protege segmentos e articulações adjacentes ao trauma. Além disso, o imobilismo está atrelado a osteopenia, hipercalcemia, contratura artrogência articular e muscular que são consequências deletérias a esta condição.

A fisioterapia possui fundamental papel neste principio, conseguindo atuar desde a enfermaria até a fase ambulatorial recuperando os déficits apresentados por estes pacientes em diferentes fases.

Referências Bibliográficas:

1. Manual do Trauma Ortopédico – SBOT. Coordenadores: Isabel Pozzi, Sandro Reginaldo, Múcio Vaz de Almeida e Alexandre Fogaça Cristante. 2008

2. Rehabilitation Traumatology: A Narrative Review. DonnaBloodworthMDa SindhuPanditMDb PatrickMullanDOc FayeChiou-TanMDd

3. Fracture fixation. Mihra S Taljanovic 1, Marci D Jones, John T Ruth, James B Benjamin, Joseph E Sheppard, Tim B Hunter. Radiographics. Nov-Dec 2003;23(6):1569-90. doi: 10.1148/rg.236035159.

4. Fraturas em Adultos de Rockwood e Green. Oitava edição, 2017.

5. https://www.aofoundation.org

6. Age and gender prevalence and its correspondence with the outpatient physical therapy sector of a reference orthopedics and traumatology institute in the municipality of São Paulo. Silva DV, Andrusaitis SF, Fernandes LG, Melo TB, Junior NC, Brech GC. DOI: 10.1590/1809-2950/18026426042019.

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