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Fibromialgia

Fibromialgia

Fibromialgia A síndrome fibromialgia (SFM) é caracterizada por dor musculoesquelética crônica e generalizada associada a fadiga, distúrbios do sono, função cognitiva e física prejudicada e sofrimento psicológico. [1] Por: Gabriel Comerio – São Paulo A ausência de biomarcadores e a subjetividade dos sintomas torna o diagnóstico primordialmente clínico e os critérios diagnósticos ainda estão em constante evolução.[²] O que fica evidente, é que os sintomas não podem ser explicados por causas estruturais ou têm uma patologia definida.[³] Para muitos pacientes, esses sintomas persistem por anos e levam ao uso frequente de cuidados de saúde; para alguns, a Fibromialgia (FM) e sua apresentação clínica podem ser debilitantes, o que reflete a qualidade de vida, geralmente ruim, desses indivíduos e acarretando em elevados gastos de saúde, além dos onerosos custos sociais indiretos devido à perda de produtividade, redução em horas de trabalho e incapacidade.[⁴,³] O tratamento deve levar em consideração a natureza multidimensional da dor crônica, sendo que a eficácia da abordagem multidisciplinar depende de uma conexão verdadeira entre os profissionais de saúde junto aos pacientes com FM.[¹] Estudos mostram a importância da educação e automanejo para os sintomas, onde os episódios de agudização de sintomas (flare-ups) são totalmente influenciados pela capacidade de gerenciamento desses sintomas pelo paciente, ao reconhecer gatilhos e situações que desencadeiam os sintomas para traçar melhores estratégias para manejo e diminuição da dor.[⁵]   Epidemiologia  A Fibromialgia é uma condição bastante comum afetando aproximadamente 2% a 4% da população em geral, [⁶] podendo variar de acordo com os critérios diagnósticos usados para definir essa condição [³], e é a terceira condição musculoesquelética mais comum em termos de prevalência, depois da dor lombar e da osteoartrite [⁴].  No Brasil, a prevalência da FM varia de 4,4% (em pessoas de 35 a 60 anos) a 5,5% (em pessoas maiores que 65 anos).[⁸] Os fatores de risco incluem: [⁸] • Ser mulher (o dobro do risco); • Ter um histórico de outras condições inflamatórias, como Artrite Reumatoide ou Lúpus Eritematoso Sistêmico; • Ter um familiar com Fibromialgia; • Insônia ou outros problemas de sono; • Uma história de depressão e/ou ansiedade; • Não ser fisicamente ativo; • Excesso de peso corporal. Etiopatologia Ao longo da história, a SFM transitou da fisiopatologia muscular à psiquiatria, da predisposição genética à disfunção hormonal até chegar às descobertas recentes das neurociências, acompanhando a evolução da ciência a sua época e passando por muitos nomes, como Fibrosite ou Fibromiosite. [¹]  Agora, no entanto, é aceito que esses termos são errôneos, implicando incorretamente que a inflamação muscular é a principal causa da dor. A Síndrome de Fibromialgia é uma condição complexa [⁹] e existe um debate constante sobre sua classificação: doença reumática, desordem de dor, síndrome somática funcional, síndrome de sensibilização central, desordem do espectro depressivo e desordem somática sintomática. [²] O que está claro até o momento é que é bastante improvável que a fibromialgia tenha uma única etiologia. No entanto, avanços nas pesquisas mostraram que alterações no processamento da dor no sistema nervoso pode estar intimamente relacionada a causa[¹⁰]. Acredita-se que a interação entre vários mecanismos, incluindo predisposição genética, eventos de vida estressantes e mecanismos periféricos (inflamatórios) e centrais (cognitivos-emocionais), leve a modificações neuromorfológicas, relacionadas a dor nociplástica.[³]   Classificação da dor Em termos de classificação da dor, a SFM é codificada atualmente como uma dor primária crônica de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-11). [¹¹]  Nesse contexto da fibromialgia, a dor é vista sob a ótica biopsicossocial, reconhecendo-a como uma experiência complexa e considerada como uma condição não explicada por nenhuma outra doença e associada a uma significativa carga psicossocial.[²] Diagnóstico Não há testes ou investigações laboratoriais clínicas específicas para SFM, o que torna o diagnóstico um grande desafio, entretanto, esta não dever ser considerada como um diagnóstico de exclusão e pode coexistir com outras condições (por exemplo, Artrite Reumatóide, Lúpus Eritematoso Sistêmico ou Espondilite Anquilosante).[¹⁰, ³] O diagnóstico da Fibromialgia é puramente clínico e baseia-se principalmente na história, onde deve-se coletar uma anamnese completa e no exame físico que, embora apresente baixa validade e baixa reprodutibilidade isoladamente [¹²], deve ser levado em consideração para excluir outras doenças que expliquem a presença de dor e fadiga. Do mesmo modo, testes laboratoriais devem apenas ser considerados na hipótese de haver outras condições que podem se manifestar com dor generalizada. [⁸] Os sintomas são geralmente múltiplos, flutuantes e podem não se alinhar facilmente com as categorias de diagnóstico médico estabelecidas. A distribuição da dor não apresenta um padrão anatômico e, geralmente é relatada em alguma região das costas e nos quatro membros (dor generalizada), de forma distribuída e percebida como vinda dos músculos ou profundamente nos ossos, sendo um relato verbal frequente: “dor pelo corpo todo” ou “dor da ponta do pé ao fio de cabelo”[³], o que pode alertar o clinico para um possível diagnóstico. A fadiga é frequentemente reportada como moderada a severa de caráter crônico e não se limita a queixa física, e pode estar relacionada a esfera cognitiva ou emocional (motivacional). [⁸,¹⁰] Outras características, incluindo sensibilidade generalizada dos tecidos moles, sintomas cognitivos, rigidez e hipersensibilidade relacionada a estímulos ambientais (sensibilidade ao frio, luz ou ruído) são consideradas de suporte, mas não são necessárias para o diagnóstico. [¹, ⁸, ¹⁰]  O critério de diagnóstico de 2016 do American College of Rheumatology (ACR)[¹³] é a diretriz clínica mais recente e com melhores evidências.[¹⁴] Critério diagnóstico: • Índice de Dor Generalizada (WPI) ≥7 e pontuação da Escala de Gravidade dos Sintomas (SSS) ≥5 OU WPI 4–6 e pontuação do SSS ≥9. • A dor generalizada, definida como dor em pelo menos quatro das cinco regiões do corpo, está presente. • Os sintomas estiveram presentes em um nível semelhante por pelo menos 3 meses. Pacientes com sintomas abaixo desse limite podem ser diagnosticados com SFM, se sintomas acima do limite forem documentados recentemente. A presença de pelo menos 11 de 18 pontos dolorosos encontrados no exame físico era considerado como um dos critérios interpretação diagnóstica na classificação de 1990 do American College of

 

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