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Tendinopatia do bíceps braquial

Tendinopatia do bíceps braquial A tendinopatia do bíceps braquial acomete principalmente a cabeça longa do músculo, e o sintoma mais comum é a dor na região anterior do ombro. Essas lesões fazem parte de um grupo de lesões que podem englobar também as rupturas parciais ou completas do tendão. Abaixo você irá entender melhor sobre as características dessas lesões.    Por: Mariana Lira 13 de outubro de 2023 Introdução geral do conteúdo da Tendinopatia do bíceps braquial O diagnóstico dos geradores de dor na articulação do ombro pode ser difícil, pois é uma região que abrange uma variedade de condições e sintomas. Além disso, o diagnóstico de tendinopatia do tendão da cabeça longa do bíceps (condição mais comum, dentre as lesões do bíceps braquial) é descrito como sendo complexo e desafiador (Krupp et al., 2009), pois muitas vezes envolve uma combinação de testes clínicos, incluindo a palpação do tendão da cabeça longa do bíceps braquial, para detectar dor. Em geral, os testes clínicos utilizados para diagnosticar lesões do tendão demonstram alta sensibilidade e baixa especificidade, o que torna o diagnóstico um desafio. A dor é a principal característica clínica e os exames de imagem, de forma isolada, podem não ser úteis no diagnóstico da tendinopatia (Scott et al., 2020).  O manejo fisioterapêutico de indivíduos com tendinopatia do tendão da cabeça longa do bíceps braquial envolve uma abordagem multimodal, incluindo exercícios e recursos biofísicos, assim como, alguns pacientes podem ter indicação cirúrgica para o tratamento (McDevitt et al., 2023).  Devemos destacar que a dor é um processo complexo e de natureza multidimensional, e a sensibilidade mecânica é apenas um componente da experiência de dor produzida pelo cérebro em resposta à ameaça percebida ao tecido. Sendo assim, um entendimento biopsicossocial é importante para o diagnóstico e tratamento de indivíduos com dor anterior no ombro. Por exemplo, alterações no padrão de movimento parecem ocorrer imediatamente após o início da dor e podem, portanto, ser uma resposta natural à percepção de ameaça. Tais mudanças parecem ser influenciadas por fatores cognitivos, como o medo do movimento (Karayannis et al., 2013), e a falha na reversão dessas crenças, a longo prazo, pode resultar na manutenção da dor (Hodges e Moseley, 2003). Anatomia e Biomecânica da Tendinopatia do bíceps braquial O bíceps braquial é um músculo grande e volumoso na região anterior do braço. O músculo é composto por uma cabeça curta e uma cabeça longa. A cabeça curta origina-se do processo coracóide, e a cabeça longa origina-se do tubérculo supraglenoidal da glenóide. Ambas as cabeças seguem distalmente e tornam-se um ventre muscular confluente, passam pela face anterior do cotovelo, inserindo-se na tuberosidade radial e na fáscia do antebraço através da aponeurose bicipital (figura 1). O antagonista do músculo bíceps é o músculo tríceps braquial (Tiwana et al., 2023). Figura 1. Anatomia do bíceps braquial. Fonte: Tiwana MS, Charlick M, Varacallo M. Anatomy, Shoulder and Upper Limb, Biceps Muscle. [Atualizado 2023 Aug 28]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK519538/ O senso comum, aponta que o bíceps tem como principal função a flexão do cotovelo, no entanto, ele é responsável por cerca de 30% da força de flexão, e tem na verdade, uma grande importância no movimento de supinação do antebraço. O bíceps braquial também possui função na flexão de ombro, atuando nas duas articulações.  Devido à origem anatômica da cabeça longa do bíceps, o músculo possui uma relação intrínseca com o manguito rotador. A porção longa do bíceps tem um trajeto intra-articular, passando pelo tendão supra espinhal e pelo tendão subescapular. Sendo assim, o músculo desempenha uma ação parecida na estabilização do ombro, atuando na depressão e compressão da cabeça do úmero contra a cavidade glenoidal, durante os movimentos do ombro (Kendall, 1995).  O tendão da cabeça longa do bíceps é uma fonte bem conhecida de dor anterior no ombro. As causas mecânicas incluem tração repetitiva, fricção e rotação glenoumeral. O terço superior do tendão da cabeça longa bíceps braquial demonstra uma rica rede de inervação simpática, incluindo neuropeptídeos como a substância P e o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, podendo ser uma importante fonte de nocicepção (Tiwana et al., 2023). Epidemiologia da Tendinopatia do bíceps braquial A inflamação do tendão do bíceps dentro do sulco bicipital é chamada de tendinopatia primária do bíceps, que ocorre em 5% dos pacientes com tendinopatia do bíceps (Patton et al., 2001). Os outros 95% dos pacientes sem tendinopatia primária do bíceps geralmente apresentam uma ruptura do manguito rotador ou uma ruptura do lábio superior da glenóide, conhecida como lesão SLAP.  A patologia do tendão do bíceps é mais frequentemente encontrada em pacientes entre 18 a 35 anos de idade que praticam esportes, incluindo esportes de arremessos e de contato. Esses pacientes geralmente apresentam impacto secundário do tendão do bíceps, que pode ser causado por instabilidade escapular, instabilidade ligamentar do ombro, frouxidão da cápsula anterior ou rigidez da cápsula posterior.  O impacto secundário também pode ser causado por rupturas labrais de tecidos moles ou rupturas do manguito rotador que expõem o tendão do bíceps ao arco coracoacromial, portanto, a grande maioria dos casos é observada em associação com outras patologias do ombro. Os fatores de risco para a tendinopatia do bíceps estão relacionados ao processo natural do envelhecimento, ou por um processo degenerativo causado por movimentos repetitivos, geralmente observados em atletas com movimentos acima da cabeça (Longo et al., 2011). Apresentação clínica da Tendinopatia do bíceps braquial Pacientes com tendinopatia do bíceps, geralmente se queixam de uma dor profunda e latejante na parte anterior do ombro. A dor geralmente está localizada no sulco bicipital e pode irradiar em direção à inserção do músculo deltóide ou até a mão em distribuição radial. Isso torna difícil distinguir da dor secundária ao impacto ou tendinite do manguito rotador, ou até de alguma doença do disco cervical.  A dor da tendinopatia do bíceps geralmente piora à noite, ou em repouso, como característica de dor inflamatória. Movimentos repetitivos, ou levantamentos do braço acima da cabeça (atividades de

Doenças reumáticas

Doenças reumáticas As doenças reumáticas e musculoesqueléticas (DRMs) estão entre as doenças não transmissíveis mais prevalentes e onerosas no mundo, incluindo mais de 200 condições degenerativas, inflamatórias e autoimunes que afetam predominantemente o sistema músculoesquelético (van der Heijde et al., 2018). DRMs impactam negativamente na qualidade de vida relacionada à saúde por meio de dor crônica e exclusão social, e constituem uma das principais causas de incapacidade (Vos T et al., 2020).   Além das estratégias farmacológicas, modificações nos comportamentos de estilo de vida podem desempenhar um papel importante na prevenção, progressão e redução de importantes comorbidades associadas às DRMs. Por: Mariana Lira 14 de setembro de 2023 Introdução geral das Doenças reumáticas As DRMs compreendem um grupo diversificado de doenças que comumente afetam o sistema músculoesquelético, dentre as condições mais comuns estão a osteoartrite, a artrite reumatoide, a fibromialgia, o lúpus eritematoso sistêmico, e a espondiloartrite axial. As DRMs são, na maioria dos casos, doenças crônicas, que afetam um número substancial de pessoas (Vos T et al., 2019), representando um grande ônus sócio-econômico (Loppenthin et al., 2017).  Além disso, as DRMs estão significativamente relacionadas à comorbidades, por exemplo, pacientes com artrite reumatoide apresentam um risco duas vezes maior de desenvolver doenças cardiovasculares, e consequentemente, uma menor sobrevida global, resultando em alto risco de morte prematura (Loppenthin et al., 2017).  Comumente, as DRMs resultam em dor, incapacidade, redução na qualidade de vida, e até em maior risco de mortalidade. Diante deste cenário, profissionais capacitados são imprescindíveis para o manejo adequado destas condições. Fatores associados ao estilo de vida, são importantes para o manejo das DRMs, e as recomendações baseadas em evidência (Gwinnutt et al., 2022), serão abordadas aqui. Sinais e sintomas comuns das doenças reumáticas Coletivamente, as DRMs são caracterizadas por alguns sintomas comuns, embora possam variar de acordo com cada condição. Os sintomas predominantemente observados, são:  Dor; Dano articular;  Incapacidade funcional;  Fadiga e;  Presença recorrente de inflamação.   A inflamação é uma resposta biológica normal à infecção ou dano tecidual que, em circunstâncias normais, cessa após a eliminação do estímulo. No entanto, os processos inflamatórios são desregulados nas DRMs e persistem a longo prazo com consequências prejudiciais significativas para desfechos pessoais e clínicos (George et al., 2020). Epidemiologia das doenças reumáticas A caracterização epidemiológica da distribuição das DRMs na população facilita o entendimento dos fatores que contribuem para o desenvolvimento e a progressão destas condições. Aqui você encontra uma coleção on-line com artigos da Nature Reviews Rheumatology que descrevem aspectos da epidemiologia de doenças reumáticas, dentre as quais, são importantes contribuintes para a morbidade e mortalidade globais.  No Brasil, as doenças reumáticas representam um grande ônus para a sociedade e para o sistema público de saúde (SUS). Aproximadamente 19% dos indivíduos atendidos no SUS são portadores de doenças reumáticas, sendo a maioria mulheres (81%) de baixo nível socioeconômico (Dias et al., 2017). As principais barreiras para o tratamento incluem os altos custos para realizar testes de diagnóstico e a falta de tratamento especializado nas fases iniciais das doenças (Coimbra et al., 2019).  A seguir, apresentamos alguns dados epidemiológicos das 3 condições mais comuns entre as DRMs, a osteoartrite, a artrite reumatoide e a fibromialgia: A prevalência da osteoatrite aumenta com a idade, é predominante em mulheres, apresenta diversidade geográfica e disparidade quanto ao local anatômico acometido. Estima-se que 240 milhões de indivíduos em todo o mundo tenham osteoatrite sintomática, incluindo 10% dos homens e 18% das mulheres com 60 anos ou mais. As estimativas de prevalência de osteoartite padronizadas por idade em 2017 variaram de 2.090,3 a 6.128,1 casos por 100.000 habitantes. Já as taxas de incidência de osteoartrite padronizadas por idade em 2017 variaram de 99,5 a 316,9 casos por 100.000 habitantes. O que representa um aumento médio de 9% desde 1990 (Allen et al., 2022).   A prevalência estimada e a carga da doença da artrite reumatoide variam consideravelmente entre regiões geográficas, com estimativas geralmente mais altas em países industrializados e áreas urbanas. A taxa de prevalência de artrite reumatoide padronizada por idade é de 0,10% no Sudeste da Ásia, e 0,38% na América do Norte (Finckh et al., 2022).   A fibromialgia é uma síndrome bastante comum na população em geral, principalmente entre as mulheres, atingindo uma prevalência de 2 a 3% em todo o mundo. Entre as idades de 20 a 55 anos, a causa da dor musculoesquelética generalizada na maioria das mulheres é a fibromialgia. O risco de fibromialgia é maior se já houver presença de uma doença reumática (Sarzi-Puttini et al., 2020) Avaliação das doenças reumáticas A avaliação das DRMs envolve um exame minucioso das características clínicas, laboratoriais e/ ou de exames de imagem, como radiografias. Em geral, os exames clínicos devem ser realizados, na medida do possível, de maneira padronizada e sistemática. Na fisioterapia em reumatologia, a avaliação do impacto e do curso das doenças em questão, deve ser detalhada para: Identificar como a condição afeta o paciente fisicamente e em que grau a sua função é afetada, incluindo avaliação de movimentos funcionais acometidos, mobilidade, força, aplicação de questionários para rastreamentos específicos, entre outros; Examinar o sistema musculoesquelético para obter uma linha de base do estado atual de um paciente e a progressão da doença, como por exemplo, a quantidade de articulações acometidas na artrite reumatoide;  Avaliar a presença de possíveis comorbidades associadas à doença, como acometimentos neurológicos e cardiovasculares, e encaminhar quando necessário; Avaliar a necessidade de quaisquer dispositivos de auxílio, como dispositivos de auxílio para marcha, órteses e, calçados adaptados;  Identificar estratégias de autogerenciamento atual do paciente e as estratégias de enfrentamento, assim como, a necessidade de intervenções fisioterapêuticas.  Portanto, no geral, a avaliação das diversas condições das DRMs inclui uma avaliação subjetiva, que auxilia no diagnóstico. Isso envolve um histórico adequado de dor, incluindo quando a dor começou, se foi gradual ou repentina, se houve alguma lesão prévia, presença de dor noturna, histórico familiar, entre outros.  A identificação de sintomas comuns também é essencial nesta etapa, como presença de rigidez matinal, presença de dor mecânica ou dor ao repouso, dificuldade nas

 

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