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Fasciopatia Plantar

Uma das condições mais complexas de se abordar na reabilitação de membros inferiores, a fasciopatia plantar (FP) nos pede um novo olhar. Causas multifatoriais afetam tanto atletas e praticantes de atividade física recreacionais, quanto sedentários. Convido a todos a abrirem espaço para o raciocínio biomecânico com uma boa dose de pensamento crítico psicossocial neste desafio chamado fasciopatia plantar.

Por: Carolina Lins

Fasciopatia_Plantar

Introdução Geral referente à Fasciopatia Plantar

Definição de Fasciopatia Plantar

Por ser conhecida como fascite plantar, é comum associarmos a uma condição patológica primária inflamatória, porém ela é descrita, histologicamente, como um processo degenerativo da fáscia plantar (Mork et al, 2023; Koc Jr TA et al, 2023). Estudos atuais descrevem que a chave para a patogênese do tecido é o aumento da tensão de tração que ocorre na fáscia. Esta é identificada pelas junções com os fibrócitos (mecanotransdução), que então medeiam alterações na matriz extracelular, resultando em degeneração mixóide e fragmentação da fáscia plantar e das estruturas perifasciais (Latt LD. et al, 2020).

A queixa do paciente é caracterizada por dor na região do calcâneo, principalmente nos primeiros passos pela manhã ou períodos de longo repouso, bem como na planta do pé. Tanto pessoas fisicamente ativas quanto sedentárias são acometidas por essa condição. Normalmente, o diagnóstico da fasciopatia plantar é clínico, não havendo necessidade de exames por imagem. 

Anatomia e Biomecânica da Fasciopatia Plantar

A fáscia plantar promove o primeiro suporte ao arco longitudinal medial (ALM), e é composta por uma extensa série de bandas espessas de tecido rico em colágeno, muito fortes, alinhadas transversal e longitudinalmente. Ela cobre toda a planta do pé e é distribuída em camadas superficiais e profundas. Segundo Neumann (2006), as camadas mais superficiais são responsáveis por absorver@2 cargas e reduzir forças de cisalhamento. Essa camada superficial é fixada na derme. Já a porção profunda da fáscia se fixa posteriormente na tuberosidade medial do calcâneo (Neumann, 2006). 

A tuberosidade medial do calcâneo é considerada a origem da fáscia plantar e nessa origem as fibras laterais, mediais e centrais correm anteriormente, se misturando com a primeira camada da musculatura intrínseca do pé (Neumann, 2006). A principal banda da fáscia é a banda central e possui maior número das fibras (Figura 1). Ela se estende até a cabeça dos metatarsos onde se insere nas placas plantares e bainhas fibrosas dos tendões flexores dos dedos (Neumann, 2006). 

Figura 1: Anatomia da fáscia plantar. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 1: Anatomia da fáscia plantar. Fonte: Latt LD. et al., 2020.

A relação da fáscia plantar e o ALM (Figura 2) é grande, e quando falamos sobre fasciopatia plantar é necessário entendermos essa relação (Neumann, 2006). 

Figura 2: Arco longitudinal medial (ALM). Fonte: Neumann D. A., 2006.
Figura 2: Arco longitudinal medial (ALM). Fonte: Neumann D. A., 2006.

O ALM é suportado por duas forças (Figura 3): força ativa dos músculos e força passiva produzida pela combinação da força tensil e elástica de tecidos conectivos e formato dos ossos que compõem o arco.

Figura 3: Dissipação de forças no ALM com descarga de peso. Fonte: Neumann D. A., 2006.
Figura 3: Dissipação de forças no ALM com descarga de peso. Fonte: Neumann D. A., 2006.

Quando estamos em posição ortostática, geralmente as forças passivas conseguem sustentar o ALM, o peso corporal é distribuído em conjunto com a banda espessa da fáscia na cabeça dos metatarsos e o coxim gorduroso do calcâneo. Ainda em posição ortostática, a pressão no antepé é maior nas 2as e 3as cabeças metatarsais e isso aumenta consideravelmente quando andamos, corremos ou pulamos (Neumann, 2006).

A descarga de peso corporal abaixa o tálus e aplaina o ALM. Com isso, a distância entre o calcâneo e a cabeça dos metatarsos aumenta, provocando o tensionamento e alongamento da fáscia plantar, e consequentemente a absorção de carga. À medida que forças externas acontecem, a musculatura intrínseca e extrínseca do pé deve entrar em ação, ajudando nessa função. 

É importante lembrar que, ao realizarmos extensão da 1ª metatarsofalangeana (MTF), alongamos a banda central da fáscia plantar profunda, aumentando a tensão no ALM (Neumann, 2006). Esse mecanismo é conhecido como Mecanismo de Windlass (Figura 4) ou Mecanismo do Molinete. Em seguida à extensão da 1ª MTF acontece a flexão plantar do 1º raio e, automaticamente, a elevação do ALM através da tensão da fáscia plantar. Além disso, ocorre a supinação da articulação subtalar e a rotação externa de todo o membro inferior. Esse mecanismo só é possível pela ação em conjunto dos músculos intrínsecos e extrínsecos no período de propulsão da marcha (Manfredi-Márquez MJ, et al, 2023; Sichting F. et al, 2021).

Figura 4: Mecanismo de Windlass ou Molinete. Fonte: Sichting F et al, 2021.
Figura 4: Mecanismo de Windlass ou Molinete. Fonte: Sichting F et al, 2021.

Finalmente, devemos levar em consideração que diferentes tipos de pé modificam a biomecânica, absorção de carga, resposta a carga e função da fáscia plantar. Pés supinados ou hipersupinados são rígidos e dissipam menos energia. Já pés pronados ou hiperpronados tendem a ser mais fracos, sobrecarregando as estruturas ao redor da fáscia.

Epidemiologia da Fasciopatia Plantar

A fasciopatia plantar afeta 4% a 7% da população, sendo associada a questões relacionadas com qualidade de vida incluindo isolamento social, baixa percepção de saúde e redução das capacidades físicas e funcionais (Morrissey D. et al, 2021). Segundo Mock et al, a prevalência entre adultos acima de 50 anos é de 9,6%. A condição é comum entre atletas, trabalhadores e militares em cenário americano.  Além disso, é uma das patologias mais frequentemente citadas entre corredores, com incidência de 31% (van Leeuwen KDB. et al, 2015). Aproximadamente 30% dos casos têm sintomas bilaterais (Latt LD. et al, 2020). 

Fatores de risco

De acordo com o último Guideline publicado na JOSPT (Koc Jr et al., 2023), os fatores de risco associados a fasciopatia plantar são: 

  • Limitação de amplitude de movimento (ADM) em dorsiflexão (DF);
  • Alto índice de massa corpórea em população sedentária;
  • Corredores;
  • Atividades laborais com alto tempo em posição de pé, particularmente com calçados inadequados e com baixa absorção de choque.
Em revisão sistemática, van Leeuwen KDB. et al (2015) apontaram alguns fatores de risco que também são pertinentes e presentes na prática clínica. Um deles é a força muscular. Indivíduos com fasciopatia plantar apresentaram menor pico de torque na dinamometria isocinética dos flexores plantares nas velocidades 60 e 180 graus/segundo quando comparados a grupo controle. 
 
Além disso, diminuição significativa de força muscular dos flexores dos dedos foi detectada em pessoas sintomáticas quando comparadas a grupo controle (van Leeuwen KDB. et al, 2015). 
 
O mesmo estudo demonstrou que flexibilidade de isquiotibiais era menor em pessoas com fasciopatia plantar. 
 
van Leeuwen KDB et al. (2015) também avaliaram fatores de risco relacionados a imagens radiológicas. O resultado foi bem interessante:
 
  1. Espessura da fáscia plantar: medida através de ressonância nuclear magnética, foi detectado que indivíduos com FP apresentam a fáscia 2,32mm mais espessa quando comparados a grupo controle. 
  2. Ecogenicidade em exame de ultrassom: pessoas com FP apresentam hipoecogenicidade quando comparadas a grupo controle, além de líquido perifascial presente em sujeitos doentes. 
  3. Vascularização: aumento do fluxo sanguíneo na fáscia plantar de indivíduos com FP.
  4. Em exame de elastografia foi observado diminuição da elasticidade de fáscia plantar em indivíduos com FP.

1. Palpação 

Quatro pontos específicos de dor devem ser considerados na palpação (Figura 5). O primeiro deles é na origem da fáscia plantar, localizado na tuberosidade medial do calcâneo. O segundo ponto é na região inferior do calcâneo, onde normalmente encontramos a famosa espícula óssea conhecida como esporão. O terceiro é a banda central da fáscia. E o quarto ponto é o ponto gatilho do músculo gastrocnêmio medial que muitas vezes está ativo em pessoas com fasciopatia plantar.

Figura 5: Pontos de palpação em pacientes com FP. Fonte: arquivo pessoal da autora.
Figura 5: Pontos de palpação em pacientes com FP. Fonte: arquivo pessoal da autora.

2. Teste Diagnóstico 

O teste diagnóstico mais utilizado para fasciopatia plantar é o Teste de Windlass. O teste é confiável, porém pobre em identificar pacientes com FP (Cleland JA et al, 2016). Segundo Cleland JA et al (2016), dois métodos são utilizados para realizar o teste. Na primeira versão o paciente está com o joelho flexionado e o membro inferior sem descarga de peso. O avaliador estabiliza o tornozelo do paciente e estende a 1ª MTF enquanto permite que a 1ª MTF flexione. A segunda versão é realizada da mesma maneira, porém com o paciente de pé descarregando peso no membro inferior avaliado (Figura 6). 

Figura 6: Teste de Windlass. Fonte: The Windlass Test - Todd Davenport - Physical Therapy | MedBridge
Figura 6: Teste de Windlass. Fonte: The Windlass Test - Todd Davenport - Physical Therapy | MedBridge

3. Questionários de função reportada 

Koc Jr. et al (2023), recomendaram quatro questionários de função reportada para quantificar a função de pacientes com FP. Três deles são traduzidos e validados para a língua portuguesa e muito úteis para serem aplicados antes e depois das intervenções propostas. Eles conseguem avaliar déficits físicos, limitações em algumas atividades e restrições associadas à patologia. 

  • FAAM / FAAM Sports (Foot and Ankle Ability Measure): é um instrumento de auto-relato que avalia as limitações funcionais de indivíduos com distúrbios relacionados ao pé e tornozelo. A versão brasileira demonstrou alta confiabilidade e evidências que o suportam para ser utilizado por profissionais de saúde em sua prática clínica, bem como, para fins científicos. O FAAM, conforme originalmente descrito, compreende uma subescala de 21 itens para ”Atividades da Vida Diária” (AVD) e uma subescala de 8 itens para ”Esportes”. Eles são pontuados separadamente. A resposta de cada item das subscalas é pontuada de 4 a 0. Quanto mais alta a pontuação (próximo ao 100%), mais alto é o nível de funcionalidade para as subscalas AVD e Esporte (Moreira TS et al, 2016). 

  • FFI (Foot Function Index): consiste em 23 itens dividos em 3 subscalas: dor, incapacidade e limitações de atividades. As pontuações de cada item variam de 0 (nenhuma dor ou dificuldade) a 10 (pior dor imaginável ou muita dificuldade com necessidade de ajuda) que mostram a situação vivida na última semana. A subcategoria dor consiste em 9 itens e mede a dor no pé em diferentes situações como caminhar descalço e calçado. A subcategoria de limitações em atividades é composta por 5 itens e tenta mensurar as limitações em atividades devido ao problema no pé como repouso prolongado. A subcategoria incapacidade avalia dificuldade de desempenhar tarefas como subir escadas, por exemplo. Ela é composta por 9 itens. 


Para obter a pontuação total de cada domínio, a seguinte fórmula deve ser aplicada: soma da pontuação obtida de todos os itens respondidos pelo paciente/pontuação total possível do domínio × 100, a fim de obter o valor em porcentagem. 

Caso o paciente não faça alguma atividade apontada por um dos itens (por exemplo, não fazer uso de dispositivos auxiliares), esse é tido como não aplicável. Assim, a pontuação desses itens não será considerada na soma total do domínio. 

A porcentagem final de todos os domínios deve ser somada e dividida por três (quantidade total de domínios) para se obter o resultado final do questionário. Os resultados podem variar de 0 a 100% e são diretamente proporcionais ao comprometimento funcional do membro. Quanto mais alta a porcentagem, maior é a alteração funcional apresentada pelo paciente (Yi LC. et al, 2015). 

  • LEFS (Lower Extremity Functional Scale): questionário específico para avaliação de membros inferiores, busca o nível de dificuldade em realizar atividades da vida diária. É composto por 20 itens e cada item pode variar entre 0 e 4, sendo 0 demonstrando dificuldade extrema ou incapacidade de realizar a atividade, ande 4 demonstrando nenhuma dificuldade. A pontuação é feita com a contagem de todos os itens. A pontuação máxima é de 80 pontos e quanto maior a pontuação melhor a funcionalidade do paciente (Santos JPM et al, 2017).

4. Tipos de pé

Recomendamos o uso da ferramenta Foot Posture Index (FPI-6) para classificar o pé do paciente. 

O FPI é uma ferramenta diagnóstica capaz de quantificar o grau de pronação, supinação ou neutralidade do pé. É uma ferramenta rápida, de fácil aplicabilidade clínica e científica. Além disso, não depende de nenhuma tecnologia (Martinez BR, 2019). Somente o primeiro item necessita de palpação e os outros itens, somente de observação. 

É composto por 6 itens (Figura 6):

  • Palpação da cabeça do tálus
  • Curvatura lateral supra e inframaleolar
  • Posição do calcâneo no plano frontal
  • Proeminência na região da articulação talonavicular
  • Congruência do arco longitudinal medial
  • Adução/abdução do antepé em relação ao mediopé

A pontuação é  -2, -1, 0, +1 ou +2 por item avaliado, sendo que os números negativos indicam supinação e hipersupinação enquanto os números positivos indicam pronação e hiperpronação.

 
Figura 7: Os 6 itens que compõem o FPI-6. Fonte: Martinez BR, et al., 2019.
Figura 7: Os 6 itens que compõem o FPI-6. Fonte: Martinez BR, et al., 2019.

5. Avaliação de força e resistência

Uma maneira simples de se avaliar a força e resistência dos flexores plantares é o teste de Heel Rise ou teste de elevação do calcâneo (Figura 8). Herbert-Losier et al (2017), atualizaram os valores normativos de acordo com a idade de indivíduos saudáveis. O paciente deve realizar o máximo de elevações (em flexão plantar) mantendo altura máxima e ritmo de 60 bpm no metrônomo. Caso essas duas premissas sejam desobedecidas a contagem das repetições deve ser interrompida. 

Figura 8: Teste de Heel Rise ou teste de elevação do calcâneo. Fonte: Herbert-Losier et al., 2017.
Figura 8: Teste de Heel Rise ou teste de elevação do calcâneo. Fonte: Herbert-Losier et al., 2017.

6. Lunge Test (teste de amplitude de movimento em DF) 

Esse teste nos permite mensurar a amplitude de movimento da articulação talocrural com descarga de peso, ou seja, em cadeia cinética fechada. Pé e membro inferior devem ser posicionados em posição padrão, com segundo dedo e joelho alinhados perpendicularmente à parede. O paciente então avança o joelho anterior até encostar na parede, realizando sua máxima DF, sem perder o contato do calcanhar com o chão (Vicenzino B et al, 2006). A medida pode ser feita através de inclinômetro ou pela distância entre o hálux e a parede. 

Figura 9: Teste de Lunge para mensuração de DF. Fonte: Kang M et al., 2015.
Figura 9: Teste de Lunge para mensuração de DF. Fonte: Kang M et al., 2015.

7. Testes funcionais

Os testes de desempenho funcional são ferramentas dinâmicas utilizadas para avaliar a função do corpo em geral. Esses testes são úteis pois combinam componentes múltiplos, como força muscular, controle neuromuscular e estabilidade articular, que podem estar comprometidos após uma lesão (Docherty et al, 2005). Os testes devem ser desempenhados pelo paciente quando possível, pois por diversas vezes são incapazes de realizá-los devido ao nível de dor. 

SEBT (Star Excursion Balance Test) ou Y-Balance Test (Figura 10): 

Teste funcional que exige força muscular, flexibilidade e propriocepção. Mensura o desempenho físico, equilíbrio dinâmico e riscos de lesões nos membros inferiores. Os valores de confiabilidade intra-examinador variam de 0,67 e 0,97 enquanto inter-examinador varia entre 0,35 e 0,93 (Plisky et al, 2009). O teste é capaz de predizer novas lesões de entorse de tornozelo quando a assimetria entre os membros inferiores for ≥2cm (Plisky et al, 2021). 

Figura 10: Y-balance Test. Fonte: Poweden C et al., 2019
Figura 10: Y-balance Test. Fonte: Poweden C et al., 2019

O teste deverá ser desconsiderado quando o participante:

1- Não conseguir manter-se na posição de apoio unilateral;

2- Levantar o calcanhar ou mover o pé da posição na plataforma;

3- Descarregar peso com o pé de alcance;

4- Falhar ao retornar o pé de alcance para o início posição;

5- Retirar a mão da cintura durante a execução do teste.

Hop Tests: 

São testes funcionais que envolvem saltos em diferentes direções (Figura 11). É recomendado que sejam executados quando o paciente estiver apto para isso e é comparado após algumas semanas de tratamento. Para o Figure-of-eight Hop Test espera-se uma melhora de 4,59 segundos, 5,82 segundos para o Side Hop Test e 1,03 segundos no 6-meter crossover Hop Test em 4 semanas (Caffrey E et al, 2009).

Figura 11: Hop Tests - Testes funcionais em diferentes direções. Leva-se em consideração o tempo que o paciente executa o teste escolhido e compara-se o mesmo teste após algumas semanas de tratamento. Fonte: Caffrey E et al, 2009.
Figura 11: Hop Tests - Testes funcionais em diferentes direções. Leva-se em consideração o tempo que o paciente executa o teste escolhido e compara-se o mesmo teste após algumas semanas de tratamento. Fonte: Caffrey E et al, 2009.

8. Exames por Imagem

Os exames por imagem mais comuns são a ultrassonografia, radiografia e ressonância nuclear magnética (RNM). Eles nos ajudam a descartar diagnósticos diferenciais de dores no calcâneo.

A RNM é o exame mais claro para se observar a fáscia e tecidos adjacentes, porém o de maior custo. A espessura da fáscia e intensidade de hipersinal são consideradas mudanças estruturais da mesma (Figura 12). De acordo com os achados de Zhang et al (2023), a espessura da fáscia em indivíduos saudáveis foi de 2,46mm, enquanto em pacientes portadores de fasciopatia plantar a espessura era de 5,17mm. Isso pode ser associado à degeneração do tecido (Zhang et al, 2023). 

Outro estudo realizado em 2012 demonstrou que pessoas com fasciopatia plantar têm diminuição da área de secção transversa da musculatura intrínseca do pé, sendo este mais um item importante na avaliação por imagem (Figura 13) (Chang R. et al, 2012). 

Figura 12: (A) Ressonância Magnética, plano sagital em T1, setas apontam para origem da banda central da fáscia com intensidade moderada de sinal. (B) Sagital em T2, setas mostram aumento heterogênio de sinal envolvendo a banda central com foco de edema ósseo no calcâneo. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 12: (A) Ressonância Magnética, plano sagital em T1, setas apontam para origem da banda central da fáscia com intensidade moderada de sinal. (B) Sagital em T2, setas mostram aumento heterogênio de sinal envolvendo a banda central com foco de edema ósseo no calcâneo. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 13: (A) Sagital, (B) coronal e (C) axial em T1 mostrando a atrofia do músculo abdutor do dedo mínimo, compatível com a síndrome de Baxter (encarceramento do nervo calcâneo inferior). Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 13: (A) Sagital, (B) coronal e (C) axial em T1 mostrando a atrofia do músculo abdutor do dedo mínimo, compatível com a síndrome de Baxter (encarceramento do nervo calcâneo inferior). Fonte: Latt LD. et al., 2020.

Segundo Latt LD. et al (2020), os principais achados ultrassonográficos podem ser vistos próximos à origem da fáscia, na tuberosidade medial do calcâneo:

a) espessamento > 4,5mm e presença de áreas hipoecóicas é o achado mais comum, (Figura 14);

b) presença de espículas ósseas subcalcâneas (24%);

c) edema peritendíneo (5%);

d) erosões subcalcâneas (4%);

e) calcificações intratendíneas (3%).

Figura 14: Ulrassonografia mostrando espessamento da fáscia plantar das bandas central e medial, medindo mais de 6mm e local (asterisco) de hipoecogenicidade no aspecto medial da banda central. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 14: Ulrassonografia mostrando espessamento da fáscia plantar das bandas central e medial, medindo mais de 6mm e local (asterisco) de hipoecogenicidade no aspecto medial da banda central. Fonte: Latt LD. et al., 2020.

Na radiografia é possível observar fraturas de calcâneo e a presença de espículas ósseas (Figura 15) (Petraglia F. et al, 2017; Latt LD et al, 2020). 

Figura 15: Radiografia lateral com descarga de peso mostrando grande espícula óssea no osso calcâneo. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 15: Radiografia lateral com descarga de peso mostrando grande espícula óssea no osso calcâneo. Fonte: Latt LD. et al., 2020.

9. Diagnósticos Diferenciais

Algumas patologias podem ser confundidas com a FP. São elas: fratura por estresse do calcâneo, síndrome do túnel do tarso, síndrome de baxter, bursites retrocalcâneas, tendinossinovite/tendinopatia do tendão tibial posterior e roturas da fáscia plantar. Elas serão identificadas de acordo com a anamnese e exames por imagem. 

10. Aspectos Biopsicossociais (BPS)

Segundo Mork M. et al (2023), indivíduos com FP reportam diminuição da qualidade de vida quando comparados à população em geral. Sintomas de depressão, ansiedade e estresse são significativamente associados com os sintomas da FP, bem como cinesiofobia e catastrofização.  Mork M. et al (2023) propuseram que os profissionais da área da saúde que cuidam de pacientes com FP se preocupem com a seguinte pergunta: 

“Quais são suas experiências, pensamentos e preocupações em relação à fasciopatia plantar, e como você lida com isso todos os dias de sua vida?”

A conclusão do estudo nos mostra quão atentos devemos estar ao conduzir essa situação. As pessoas com condição persistente de FP são afetadas não só com dores nos pés, mas também em suas relações com pessoas ao seu redor. A dor interfere desde o caminhar até esforços para se manterem fisicamente ativos. Por isso, sentimentos como frustração, desesperança, culpa, preocupação com ganho de peso e perda de interação social são consequências que vêm junto com a experiência da dor vivida pelo paciente (Mock M. et al, 2023). 

Tratamento conservador

O tratamento conservador é o mais indicado em casos de FP. Ele deve ser focado na melhora e adequação dos fatores de risco para que, como consequência, haja a resolução do problema.  Mudança de hábitos, ganho de força muscular intrínseca e extrínseca, amplitude de movimento e treino sensório-motor do membro inferior são as principais atuações. Tratamentos passivos baseados SOMENTE em eletroterapia, crioterapia e repouso não são recomendados pela literatura. Caso haja falha no tratamento conservador é indicado o tratamento cirúrgico (Koc Jr TA et al, 2023; van Leeuwen KDB et al, 2016).

Mudança de hábitos – CALÇADOS

Há grande influência dos calçados em pessoas com FP. Quanto mais plano o calçado, mais estresse mecânico haverá no corpo e origem da fáscia. Diante disso, a recomendação é que se evite andar descalço, calçados muito baixos como chinelos, rasteirinhas e sapatilhas. Na fase aguda, sugerimos calçados com leve elevação no salto ou entressola (Figura 16) (Koc Jr TA et al, 2023; van Leeuwen KDB et al, 2016).

Figura 16: Calçados inadequados para quem tem fasciopatia plantar. Fonte: Imagem da internet.
Figura 16: Calçados inadequados para quem tem fasciopatia plantar. Fonte: Imagem da internet.

Mudança de hábitos – ALONGAMENTOS APÓS REPOUSO PROLONGADO

Antes de se levantar da cama, sugerimos que as pessoas mexam seus tornozelos em todas as direções e movimentos, inclusive alongando a panturrilha de forma ativa e livre. Somente depois disso, por pequenos minutos, é que se orienta levantar-se da cama ou da cadeira após longo período de repouso. Isso minimizará o desconforto daqueles primeiros passos (Koc Jr TA et al, 2023; van Leeuwen KDB et al, 2016).

 

Mudança de hábitos – PERDA DE PESO

A obesidade é um dos fatores de risco para a FP e ao mesmo tempo é um tema delicado de se tratar com as pessoas que sofrem com ela. Porém, é de suma importância que o paciente esteja consciente da necessidade da mudança de direção na história da doença, para que ele faça parte do protagonismo de sua cura. O fisioterapeuta será grande apoio nesta jornada de forma direta e indireta, orientando caminhos e estratégias (Koc Jr TA et al, 2023; van Leeuwen KDB et al, 2016).

Ativação da musculatura e ganho de força 

O ganho de força deverá focar tanto na musculatura extrínseca quanto intrínseca. A exposição deve ser gradativa, com a tolerância do paciente. Além disso, o fisioterapeuta deve buscar sempre exercícios integrados de fortalecimento intrínseco e extrínseco. O uso da eletroestimulação neuromuscular associada aos exercícios é uma ótima opção para recrutamento de unidade motora (Figuras 17 e 18) (McKeon PO et al, 2015).

Figura 17: Fortalecimento da musculatura intrínseca do pé com o exercício Doming, também conhecido como short-foot exercise. Pode ser associado à eletroestimulação neuromuscular. Fonte: McKeon PO et al, 2015.
Figura 17: Fortalecimento da musculatura intrínseca do pé com o exercício Doming, também conhecido como short-foot exercise. Pode ser associado à eletroestimulação neuromuscular. Fonte: McKeon PO et al, 2015.
Figura 18: Exercícios específicos de fortalecimento da musculatura extrínseca do tornozelo. Fonte: Arquivo pessoal da autora.
Figura 18: Exercícios específicos de fortalecimento da musculatura extrínseca do tornozelo. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Ganho de ADM

Para ganho de amplitude de movimento são recomendadas técnicas de terapia manual, como as do conceito Mulligan (Figura 19) e Maitland (Figura 20). O principal movimento a ser restabelecido deve ser o movimento de DF,  pois o déficit dele é considerado fator de risco para FP. 

Figura 19: Técnica de mobilização com movimento de Mulligan para ganho de DF. Fonte: Collins N et al., 2004.
Figura 19: Técnica de mobilização com movimento de Mulligan para ganho de DF. Fonte: Collins N et al., 2004.

Mobilização com movimento (MWM) do Mulligan para ganho de DF: https://www.youtube.com/watch?v=bbayQZu4Qfc

Figura 20: Glide posterior do tálus do Conceito Maitland. Fonte: Loudon JK et al., 2014.
Figura 20: Glide posterior do tálus do Conceito Maitland. Fonte: Loudon JK et al., 2014.

Glide posterior do tálus pela técnica de Maitland: https://www.youtube.com/watch?v=0QIpOE98sAs

Treino sensório-motor

O início deste trabalho deve acontecer em fase intermediária de recuperação, levando em consideração a tolerância do paciente, em relação ao controle de dor. Estudos mostram que plataformas instáveis aumentam a oscilação do centro de massa e, além disso, apresentam um grande desafio ao sistema de controle sensório-motor. Os parâmetros de atividade muscular são diferentes quando em solos estáveis e instáveis, sendo essa bem maior quando em solos instáveis (Pohl T et al.,2020).

O American College of Sports Medicine recomenda que o aumento do nível de dificuldade na progressão dos exercícios de treino de equilíbrio pode ser atingido pela redução da base de suporte, desempenho de movimentos que perturbem o centro de gravidade e estressem músculos posturais. O treino sensório-motor em solos instáveis (Figura 21) pode e deve ser associado a outras fontes perturbadoras como aumento de carga, velocidade de execução, e até mesmo altura em casos de salto. Não há descrito na literatura nenhuma restrição quanto ao uso de superfícies instáveis como método de reabilitação em fasciopatia plantar.

Figura 21: Treino sensório-motor em solos instáveis. Fonte: Arquivo pessoal da autora.
Figura 21: Treino sensório-motor em solos instáveis. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

 Liberação miofascial

O Guideline proposto pela JOSPT em 2023, recomenda massagem profunda de tecidos moles da panturrilha e fáscia plantar como intervenção da FP. Baseado em resultados de baixo risco para o paciente e prováveis benefícios consistentes de melhora de dor e função, é indicado que se aplique a liberação miofascial (Figura 22) (Koc Jr TA et al, 2023).

Figura 22: Liberação miofascial da panturrilha e fáscia plantar. Fonte: Arquivo pessoal da autora.
Figura 22: Liberação miofascial da panturrilha e fáscia plantar. Fonte: Arquivo pessoal da autora.

Alongamento

Sabemos que a fáscia plantar é uma continuação da panturrilha, embrionariamente falando. Com isso, quando há encurtamento muscular da panturrilha podemos encontrar o mesmo na fáscia, prejudicando o mecanismo de windlass. Além disso, o alongamento ou a falta dele pode estar associada a ADM de tornozelo, que é considerado fator de risco para FP. Estudos recentes recomendam o alongamento da fáscia plantar isolada e associado tanto aos gastrocnêmios, quanto ao sóleo (Figura 23) (Koc Jr TA et al, 2023).

Figura 23: Alongamento de panturrilha e fáscia plantar. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 23: Alongamento de panturrilha e fáscia plantar. Fonte: Latt LD. et al., 2020.

Dry Needling

Também recomendado na última diretriz de 2023, o dry needling é uma intervenção com finas agulhas que penetram a pele e estimulam pontos gatilhos, tecidos musculares e conectivos no gerenciamento de dor e melhor de movimento (Koc Jr TA et al, 2023). Os autores do Guideline recomendam que pontos gatilhos nos gastrocnêmios, sóleo e músculos plantares devem ser tratados para redução de dor a curto e longo prazo, pois além da melhora de dor alcançam a melhora da função e capacidade.

Figura 24: Dry needling associado à eletroestimulação. Fonte: Dunning J et al, 2018.
Figura 24: Dry needling associado à eletroestimulação. Fonte: Dunning J et al, 2018.

Bandagens e órteses

Tanto as palmilhas (Figura 25) quanto as bandagens (Figura 26) buscam minimizar o estiramento da fáscia plantar com a descarga de peso corporal. Amenizam o estresse causado, principalmente na origem dela, na tuberosidade do calcâneo, sempre relacionado ao efeito molinete.  As calcanheiras também são bem-vindas, amortecendo a região do calcâneo.

Figura 25: Palmilhas e calcanheiras indicadas para pacientes com FP. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 25: Palmilhas e calcanheiras indicadas para pacientes com FP. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 26: Bandagem rígida Low-Dye. Fonte: Landorf et al., 2005.
Figura 26: Bandagem rígida Low-Dye. Fonte: Landorf et al., 2005.

A última diretriz de prática clínica da JOSPT de 2023 recomenda que pessoas com FP utilizem bandagens rígidas ou elásticas associadas a outros tratamentos fisioterapêuticos para melhora de dor e função, e nunca de forma isolada (Koc Jr TA et al, 2023).

Outra possibilidade amplamente utilizada e estudada, a órtese Night Splint (Figura 27) é um dispositivo de posicionamento que mantém o tornozelo a 90 graus durante a noite. A ideia é que ele mantenha a dorsiflexão neutra (a 90 graus) e melhore a sensação de desconforto ao acordar, nos primeiros passos pela manhã (Powell M et al, 1998). Sua recomendação também está associada a outras modalidades de tratamento fisioterapêutico. 

Figura 27: Night Splint. Fonte: Latt LD. et al., 2020.
Figura 27: Night Splint. Fonte: Latt LD. et al., 2020.

 Laserterapia 

Segundo Koc Jr TA et al (2023), o laser de baixa potência utilizado isoladamente ou em conjunto com outras intervenções promove pequena melhora na dor a curto prazo (1-3 meses) tanto em casos agudos quanto crônicos. Os estudos que utilizaram a recomendação da World Association for Laser Therapy (WALT) aplicaram 2 a 3 pontos com a dose mínima de 2J/ponto com 904Nm de comprimento de onda ou 4J/ponto com 780-860Nm de comprimento de onda (Figura 28 e 29). 

Figura 28: Aparelho de Laser. Fonte: Imagem da internet.
Figura 28: Aparelho de Laser. Fonte: Imagem da internet.
Figura 29: Tabela Walt. Fonte: World Association for Laser Therapy (WALT).

Terapia por Ondas de Choque (TOC)

As ondas de choque são ondas mecânicas que geram mudanças abruptas na pressão em qualquer meio sólido, líquido ou gasoso. Se propagam com velocidade maior que a velocidade do som e atingem grandes picos de pressão em curto espaço de tempo (fase positiva), seguida de uma fase negativa (cavitação).  No fenômeno da cavitação, as ondas de choque nos tecidos geram a formação de microbolhas que se colidem no próximo ciclo de pressão positiva dando origem a micro jatos. Desencadeiam-se aí os efeitos biológicos de mecanotransdução, resposta gênica, resposta enzimática, cicatrização e analgesia por hiperestimulação (Xu D. et al, 2019). 

A TOC (Figura 30) é bastante utilizada na FP. Xu D. et al (2019), compararam injeção de corticosteroides e TOC em pacientes com FP e observaram que ambos apresentaram melhora clínica, porém o grupo TOC apresentou melhora a longo prazo. 

Figura 30: Aparelho de TOC. Fonte: Imagem internet.
Figura 30: Aparelho de TOC. Fonte: Imagem internet.

Tratamento cirúrgico

Historicamente a fasciotomia plantar (Figura 31) aberta, parcial ou completa, era o tratamento de escolha para FP. Porém, a satisfação do paciente a longo prazo apresentou alta variabilidade entre 48% e 90%. Com isso, hipóteses foram levantadas para entender a insatisfação do paciente e encontraram situações de pés planos iatrogênicos, perda do mecanismo de windlass por transferência do centro de pressão do pé e sobrecarga de coluna lateral. 

Figura 31: Técnica cirúrgica de fasciotomia. Fonte: Gamba C. et al, 2019.
Figura 31: Técnica cirúrgica de fasciotomia. Fonte: Gamba C. et al, 2019.

Com o passar do tempo, novas técnicas passaram a ser utilizadas, como a liberação do músculo gastrocnêmio tanto distal como proximal, descrita por Barouk (Figura 32), devido a grande relação entre FP e limitação de ADM em dorsiflexão por encurtamento dos gastrocnêmios (Gamba C. et al, 2019).

Figura 32: Técnica cirúrgica de a liberação do músculo gastrocnêmio. Fonte: Gamba C. et al, 2019.
Figura 32: Técnica cirúrgica de a liberação do músculo gastrocnêmio. Fonte: Gamba C. et al, 2019.

Outra técnica apresentada pelos cirurgiões é a radiofrequência local percutânea (Figura 33) para casos crônicos de FP. É uma técnica minimamente invasiva, na qual uma sonda emite um campo elétrico, danificando tecidos vasculares e causando efeitos analgésicos locais (Campillo-Recio D. et al, 2021). Segundo Campillo-Recio D. et al (2021), é uma técnica segura e eficaz, com alto índice de satisfação (83%) e baixa taxa de complicação.  

Figura 33: Técnica cirúrgica de radiofrequência local percutânea. Fonte: Campillo-Recio D. et al., 2021.
Figura 33: Técnica cirúrgica de radiofrequência local percutânea. Fonte: Campillo-Recio D. et al., 2021.

O pós-operatório é feito com descarga de peso imediata, mobilização e alongamentos imediatos na tolerância do paciente, e fortalecimento de musculatura intrínseca e extrínseca do pé e tornozelo. Entretanto, recomendamos fortemente que o fisioterapeuta mantenha contato constante com o médico responsável pela cirurgia, pois muitas vezes intercorrências cirúrgicas acontecem e que devem ser compartilhadas com a equipe multiprofissional envolvida. 

Tempo de Tratamento e Metas a traçar com o paciente
 
A literatura não nos traz um tempo exato de tratamento da FP, mas sabe-se que tudo vai depender do engajamento do paciente, da aliança terapêutica criada com o fisioterapeuta, dos objetivos alinhados entre ambos. É importante que o paciente tenha consciência de que, na maioria dos casos, o tempo é longo com melhora lenta. 
 
Critérios de Retorno ao Esporte
 
Os critérios de retorno ao esporte voltados ao complexo pé e tornozelo estão em franca construção. Se compararmos com outras articulações, como joelho e ombro, ainda há bastante atraso. Não existe na literatura estudos específicos de retorno ao esporte que focaram em atletas com FP. A orientação que recomendamos é que o fisioterapeuta tenha em mãos uma boa avaliação, dados funcionais coletados no início do tratamento para que os mesmos sejam refeitos e comparados de tempos em tempos. Com isso, será possível um retorno gradativo e seguro do paciente ao esporte de preferência. 

Aprofunde os seus conhecimentos!

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