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Escoliose

Escoliose é um termo geral que compreende um grupo heterogêneo de condições que consiste em alterações na forma e posição da coluna vertebral, tórax e tronco.

Por: Patrícia Mentges – São Paulo

escoliose

A escoliose pode ser estrutural ou funcional.

Nesse contexto estamos abordando a escoliose estrutural, que na sua forma mais comum, a escoliose idiopática do adolescente é definida como:

Uma complexa deformidade tridimensional da coluna vertebral, sem causa conhecida,  que causa alterações estruturais nos três planos da coluna vertebral (plano frontal, sagital e transversal) e pode ocorrer em todos os segmentos vertebrais com potencial de progressão nos períodos de pico de crescimento.

A escoliose pode ser classificada por:

a) Etiologia em: idiopática e secundária a alguma condição patologia ou síndrome.

b) Cronologia: infantil (0 a 2), juvenil (3 a 9), adolescente (10 a 17) e adulto (acima de 18 anos)

c) Topografia: cervical, cervico-torácica, torácica, tóraco-lombar e lombar (determinada pela localização da vértebra ápice)

d) Ângulo: Leve, moderada, moderada a severa, severa e muito severa.

 

Anatomia e Biomecânica na Escoliose

A coluna vertebral apresenta alteração na posição nos três planos do espaço e na morfologia das vértebras e das costelas (gradil costal) dependendo da magnitude da curva.

O evento mais importante a ser compreendido na biomecânica da escoliose é o Ciclo Vicioso de Stokes, onde um evento desencadeante resulta na descarga de peso assimétrica contínua, que durante o crescimento vai causar a deformação da vertebra que passa a ter a forma em cunha. Isso por sua vez, promove potencialmente a avanço da progressão da curva.

 

Epidemiologia das Escolioses

A escoliose que é secundária a outro processo patológico compõe em torno de 20% das escolioses; os 80% restantes são casos de escoliose idiopática. 

A escoliose idiopática adolescente (AIS) com ângulo de Cobb acima de 10° ocorre na população geral em uma ampla faixa de prevalência, onde o valor mais encontrado na literatura é de 2 a 3%.

A progressão da AIS é muito mais frequente vista em meninas na razão de 7 para 1 quando o ângulo Cobb está acima de 30° 

 

Avaliação da Escoliose

O exame considerado padrão ouro para o diagnóstico da escoliose é o RX panorâmico da coluna vertebral.

O principal teste de avaliação no exame clínico de pacientes com escoliose é o teste de Adam’s. Um resultado positivo para o teste é a patognomônico para escoliose.

O valor preditivo positivo do teste varia, mas considera-se escoliose com mais de 10 graus Cobb e um valor de 5 a 7 graus no teste de Adam’s.

– Avaliação da estética via fotografia, TRACE, e métodos como POTSI e ATSI e topografia de superfície (quando se tem acesso).

– Avaliação respiratória

– Avaliação de Qualidade de vida 

-Avaliação da maturidade sexual (características sexuais secundárias) 

– Testes ortopédicos específicos com potencial correlação seja na etiopatogenia seja na sobreposição de achados clínicos.

 

Tratamento das Escolioses

Objetivos: Parar a progressão da curva, prevenir ou tratar disfunção respiratória, prevenir ou tratar síndromes dolorosas e melhorar a estética.

As Diretrizes da SOSORT recomendam que:

De 10 a 20 graus Cobb o tratamento deve ser baseado nos Exercícios Fisioterapêuticos Específicos para Escoliose 

De 25 a 45 graus Cobb o tratamento deve associar os Exercícios Fisioterapêuticos específicos para Escoliose com o uso de coletes ortopédicos 

Acima de 45 graus Cobb há a indicação cirúrgica.

Importante lembrar que estes números servem de base, mas que deve se observar caso a caso.

 

Critérios de alta para Pacientes com Escoliose

A escoliose estruturada é uma condição crônica.

O tratamento da Escoliose Idiopática do Adolescente deve ser continuado pelo menos até que seja alcançada a maturidade esquelética e maturidade sexual.

Se o ângulo de escoliose na conclusão do crescimento exceder um “limiar crítico” (entre 30 e 50 graus, a maioria dos autores afirma que há maior risco de problemas de saúde na vida adulta, diminuição da qualidade de vida, comprometimento estético, dor e limitações funcionais progressivas.

Alguns casos podem requerer acompanhamento ao longo de toda a vida, e quanto mais capacidade de autogerenciamento for proporcionada melhor.

Referências bibliográficas 

Negrini, S., Donzelli, S., Aulisa, A.G. et al. 2016 SOSORT guidelines: orthopaedic and rehabilitation treatment of idiopathic scoliosis during growth. Scoliosis 13, 3 (2018). https://doi.org/10.1186/s13013-017-0145-8

Fadzan, Maja & Bettany- Saltikov, Josette. (2017). Etiological Theories of Adolescent Idiopathic Scoliosis: Past and Present. The Open Orthopaedics Journal. 11. 1466-1489. 10.2174/1874325001711011466.

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