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Dor Lombar

A dor lombar, ou lombalgia, afeta indivíduos de todas as idades e sua condição heterogênea de sinais e sintomas causa um grande impacto socioeconômico em países de todo o mundo, sendo ainda a causa número 1 de anos vividos com incapacidade no mundo – em 2020, 126 de 195 países ainda apresentavam essa condição clínica como maior causa de incapacidade[1].

Por: Isadora Oliveira – São Paulo

A dor lombar afeta indivíduos de todas as idades e sua condição heterogênea de sinais e sintomas causa um grande impacto socioeconômico em países de todo o mundo, sendo ainda a causa número 1 de anos vividos com incapacidade no mundo – em 2020, 126 de 195 países ainda apresentavam essa condição clínica como maior causa de incapacidade.

Além disso, US$12,8 bi foram gastos com artrodese lombar nos últimos anos, o que nos mostra que pacientes ainda estão recebendo tratamentos não condizentes com diretrizes de prática clínica[1], que reforçam educação e aconselhamento, retorno ao trabalho, evitar repouso e incentivo à atividade física como alternativas de primeira linha de tratamento para pacientes com dor lombar [2].

Uma razão para o sucesso limitado na implementação de tratamentos eficazes é a grande variação nas manifestações, possíveis causas, fatores desencadeantes, prognóstico e consequências em termos de dor, incapacidade e qualidade de vida. 

Apesar dos avanços nos métodos de avaliação e tratamento, o manejo da dor lombar continua sendo um desafio para pesquisadores e clínicos. No entanto, apesar desses desafios, um progresso constante foi alcançado na compreensão dessa condição clínica, e foram dados passos importantes na compreensão dos fatores de risco psicológicos e sociais, genética e neurociência da lombalgia [3].

Estudos recentes apontam que a causa da dor na coluna lombar muitas vezes é inespecífica, exceto em pessoas que apresentam bandeiras vermelhas. Além disso, custos, uso de serviços de saúde e incapacidade devido à lombalgia variam entre os países e são influenciados pela sociedade local, além de crenças sobre causa e efeito dos sintomas. Por isso, esforços de pesquisa e iniciativas globais são necessários para lidar com a dor lombar como um problema de saúde pública [4].

 

Epidemiologia da Dor Lombar

A dor lombar inespecífica é responsável por mais de 90% dos pacientes que se apresentam à atenção primária[5] e estes são a maioria dos indivíduos com lombalgia que se apresentam à fisioterapia.

Condições graves são responsáveis por 1-2% das pessoas que apresentam dor na coluna lombar e 5-10% apresentam causas específicas de lombalgia com déficits neurológicos[6]. 

 

Avaliação da Lombalgia

O primeiro objetivo da avaliação para um paciente com dor lombar é classificar o paciente de acordo com a triagem diagnóstica recomendada nas diretrizes de prática clínica internacionais. Suspeitas de patologias graves (como fratura, câncer, infecção e condições reumatológicas) e específicas de dor lombar com déficits neurológicos (como radiculopatia, síndrome da cauda eqüina) são raras, mas é importante rastrear essas condições e encaminhar para a equipe médica quando necessário[7]. 

Após isso, é importante identificar fatores que possam ter contribuído para o aparecimento da dor, ou aumentado a probabilidade de desenvolver dor persistente. Estes fatores de melhora/piora dos sintomas, intensidade da dor, localização da dor, fatores biológicos (por exemplo, histórico clínico), bandeiras amarelas (fatores psicológicos) e fatores sociais (por exemplo, questões familiares e/ou ambiente de trabalho). 

A presença de dor irradiada também é importante dentro da avaliação de um paciente com dor lombar. A diferenciação entre diferentes fontes de dor irradiada é importante para o raciocínio clínico e identificação da relação existente entre os sintomas e o acometimento de estruturas neurais ou musculoesqueléticas da coluna lombar e membros inferiores [8]. 

Pesquisas anteriores e diretrizes internacionais sugerem que o uso de exames de imagem com a finalidade de diagnóstico, não é recomendado, uma vez que não é possível ou necessário identificar a fonte tecidual específica da dor para o tratamento eficaz da dor nas costas mecânica[9]; resultados de exames de imagem contribuem com o contexto apenas se a dor lombar não responder ao recomendado pelas diretrizes de prática clínica como primeira linha de tratamento ou houver suspeita de fratura ou patologia mais grave.

 

Tópicos de tratamento da Dor Lombar

Diretrizes de prática clínica recomendam modalidades de tratamento ativas (exercícios) para o manejo da dor na coluna lombar, além de orientações domiciliares, aconselhamento e, em casos específicos, modalidades de  terapia manual.

A literatura recente sugere que a fisioterapia, utilizando uma abordagem de tratamento individualizado de pacientes com condições clínicas relacionadas à coluna, pode ser mais eficaz no manejo da lombalgia.

O cuidado estratificado também foi sugerido como uma alternativa para direcionar o tratamento da dor lombar com base em conjuntos de sinais e sintomas apresentados pelo paciente, porém ainda há divergências na literatura sobre como o modelo de estratificação deve ser elaborado e conduzido, pela ausência de estudos de alta qualidade.

Referências

[1] Buchbinder R, Underwood M, Hartvigsen J, Maher CG. The Lancet Series call to action to reduce low value care for low back pain: an update. Pain. 2020 Sep;161 Suppl 1(1):S57-S64. doi: 10.1097/j.pain.0000000000001869

[2] Almeida M, Saragiotto B, Richards B, Maher CG. Primary care management of non-specific low back pain: key messages from recent clinical guidelines. Med J Aust. 2018 Apr 2;208(6):272-275. doi: 10.5694/mja17.01152.

[3] Vlaeyen, J.W.S., Maher, C.G., Wiech, K. et al. Low back pain. Nat Rev Dis Primers 4, 52 (2018). https://doi.org/10.1038/s41572-018-0052-1

[4] Foster NE, Anema JR, Cherkin D, Chou R, Cohen SP, Gross DP, Ferreira PH, Fritz JM, Koes BW, Peul W, Turner JA, Maher CG; Lancet Low Back Pain Series Working Group. Prevention and treatment of low back pain: evidence, challenges, and promising directions. Lancet. 2018 Jun 9;391(10137):2368-2383. doi: 10.1016/S0140-6736(18)30489-6. Epub 2018 Mar 21.

[5] Koes BW, van Tulder MW, Thomas S. Diagnosis and treatment of low back pain. BMJ 2006;332:1430–34. 

 [6] O’Sullivan, P. and Lin, I. Acute low back pain Beyond drug therapies. Pain Management Today, 2014, 1(1):8-14

[7] Finucane LM, Downie A, Mercer C, Greenhalgh SM, Boissonnault WG, Pool-Goudzwaard AL, Beneciuk JM, Leech RL, Selfe J. International Framework for Red Flags for Potential Serious Spinal Pathologies. J Orthop Sports Phys Ther. 2020 Jul;50(7):350-372. doi: 10.2519/jospt.2020.9971. Epub 2020 May 21.

[8] Koes BW, van Tulder MW, Peul WC. Diagnosis and treatment of sciatica. BMJ. 2007 Jun 23;334(7607):1313-7. doi: 10.1136/bmj.39223.428495.BE. 

[9] Koes BW, van Tulder M, Lin C-WC, Macedo LG, McAuley J, Maher C. An updated overview of clinical guidelines for the management of non-specific low back pain in primary care. Eur Spine J 2010;19:2075–94

[10] George SZ, Fritz JM, Silfies SP, Schneider MJ, Beneciuk JM, Lentz TA, Gilliam JR, Hendren S, Norman KS. Interventions for the Management of Acute and Chronic Low Back Pain: Revision 2021. J Orthop Sports Phys Ther. 2021 Nov;51(11):CPG1-CPG60. doi: 10.2519/jospt.2021.0304.

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