fbpx

E-fisio

Dor Cervical

A dor cervical, ou cervicalgia, é uma condição clínica musculoesquelética comum em diversas populações em todo o mundo. Assim como a dor lombar, a dor no pescoço tem origem mecânica, tem início insidioso  e sua causa específica é raramente identificável, exceto em casos de bandeiras vermelhas, como, por exemplo, fraturas ou mielopatias cervicais.

Por: Isadora Oliveira – São Paulo

A dor cervical é uma condição clínica musculoesquelética comum em diversas populações em todo o mundo. Assim como a dor lombar, a dor no pescoço tem origem mecânica, tem início insidioso e sua causa específica é raramente identificável, exceto em casos de bandeiras vermelhas, como, por exemplo, fraturas ou mielopatias cervicais.

A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define a dor cervical como “dor percebida em qualquer lugar da região posterior da coluna cervical, desde a linha nucal superior até o primeiro processo espinhoso torácico” podendo ser classificada como crônica quando tem duração de 12 semanas ou mais. 

A dor cervical crônica geralmente se apresenta como hiperalgesia generalizada à palpação e em movimentos passivos e ativos na área do pescoço e ombro e é frequentemente associada a fatores anatômicos, psicológicos, sociais e laborais.

A literatura recente demonstrou que os fatores psicossociais são um importante indicador prognóstico de incapacidade em indivíduos com cervicalgia crônica, por ser considerada resultante de uma interação dinâmica entre fatores biológicos, psicológicos e sociais próprios de cada indivíduo.

 

Epidemiologia da Dor Cervical

Embora a literatura reforce que a história natural da cervicalgia pareça favorável, as taxas de recorrência e cronicidade são altas. A recuperação parece ocorrer mais rapidamente nas primeiras 6 a 12 semanas após o episódio agudo e uma vez considerado crônico, o curso pode ser estável ou flutuante, mas na maioria dos casos pode ser melhor classificado como recorrente, caracterizado por períodos de melhora relativa seguidos por períodos de piora relativa.

Intensidade da dor, nível de incapacidade auto-avaliada, catastrofização relacionada à dor, sintomas de estresse pós-traumático (apenas início traumático) e hiperalgesia ao frio podem indicar um potencial para cronicidade [3].

Na população geral, a prevalência é de 16,7% a 75,1%, acometendo mais  mulheres em países de alta renda e ambientes urbanos.

30% dos pacientes com cervicalgia desenvolvem sintomas crônicos, com dor cervical de mais de 6 meses de duração afetando 14% de todos os indivíduos que experimentam um episódio de dor no pescoço;

37% dos indivíduos que sofrem de dor no pescoço relatam problemas persistentes por pelo menos 12 meses. 

O impacto econômico devido a condições clínicas relacionadas ao pescoço é alto, visto que 5% da população adulta com dor na coluna cervical será incapacitada pela dor, e inclui custos de tratamento e  afastamento do trabalho.

 

Avaliação da Cervicalgia

A avaliação de pacientes com cervicalgia deve seguir o exame completo da coluna cervical, composto por: ADM ativa e passiva, avaliação de força muscular, sensibilidade, reflexos miotendíneos ( bicipital, tricipital, braquiorradial), testes especiais (Spurling, Cranio Cervical Flexion Test, Flexion Rotation Test, testes de tensão neural) e palpação muscular.  Além de avaliação de aspectos relacionados a coluna torácica, dor orofacial, presença de cefaléia e dor no ombro

No entanto, é importante também estar ciente das diferentes condições específicas que os pacientes com dor crônica podem apresentar, como por exemplo, menor grau de irritabilidade tecidual, déficit de propriocepção e força escapulotorácica e também fatores psicossociais – estes podem contribuir para a persistência da dor e incapacidade do paciente, e contribuir para a transição de uma condição aguda para uma condição crônica.


Tópicos de tratamento da Cervicalgia

Dor cervical com déficits de mobilidade:

Manipulação torácica e manipulação ou mobilização cervical

Exercícios ativos para as regiões cervical/escapulotorácica:, propriocepção, alongamento, fortalecimento e condicionamento aeróbico

Agulhamento a seco, laser ou tração intermitente

Exercícios isométricos para o pescoço, cintura escapular e tronco e estratégias de educação e aconselhamento do paciente que promovam um estilo de vida ativo e abordam fatores cognitivos e sociais.

Dor cervical crônica com déficit de controle motor:

Educação e aconselhamento do paciente com foco no, encorajamento, prognóstico e modulação de sintomas

Mobilização combinada com um programa individualizado e progressivo de exercícios, incluindo fortalecimento cervicotorácico, resistência, flexibilidade e controle motor, usando princípios da terapia cognitivo-comportamental

Dor cervical crônica com dor de cabeça:

 Manipulação ou mobilizações cervicais ou cervicotorácicas combinadas com exercícios de alongamento, fortalecimento e resistência da cintura escapular e do pescoço.

Dor cervical crônica com dor irradiada

Tração cervical intermitente, combinada com outras intervenções, como exercícios de alongamento e fortalecimento, além de mobilização/manipulação cervical e torácica.

Educação e aconselhamento para incentivar a atividade física e manutenção de atividades de vida diária

Referências

Blanpied PR, Gross AR, Elliott JM, Devaney LL, Clewley D, Walton DM, Sparks C, Robertson EK, Altman RD, Beattie P, Boeglin E. Neck Pain: Revision 2017: Clinical Practice Guidelines Linked to the International Classification of Functioning, Disability and Health From the Orthopaedic Section of the American Physical Therapy

Bier JD, Scholten-Peeters WG, Staal JB, Pool J, van Tulder MW, Beekman E, Knoop J, Meerhoff G, Verhagen AP. Clinical practice guideline for physical therapy assessment and treatment in patients with nonspecific neck pain. Physical therapy. 2018 Mar 1;98(3):162-71.

Childs, J.D., Cleland, J.A., Elliott, J.M., Teyhen, D.S., Wainner, R.S., Whitman, J.M., Sopky, B.J., Godges, J.J., Flynn, T.W., Delitto, A. and Dyriw, G.M., 2008. Neck pain: clinical practice guidelines linked to the International Classification of Functioning, Disability, and Health from the Orthopaedic Section of the American Physical Therapy Association. Journal of Orthopaedic & Sports Physical Therapy, 38(9), pp.A1-A34.

Stanton TR, Leake HB, Chalmers KJ, Moseley GL. Evidence of impaired proprioception in chronic, idiopathic neck pain: systematic review. Phys Ther. 2016;96:876-887

Mais do E-fisio

Dor sacroilíaca

Dor sacroilíaca A articulação sacroilíaca pode ser fonte significativa de dor na população com dor lombar. Abordaremos aqui, pontos importantes relacionados à esta …

Whiplash

Whiplash Whiplash, do inglês, significa chicote e é utilizado no meio clínico para descrever o efeito do movimento cervical geralmente causado por uma …

Dor Lombar

Dor Lombar A dor lombar, ou lombalgia, afeta indivíduos de todas as idades e sua condição heterogênea de sinais e sintomas causa um …

Hérnia Discal

Hérnia Discal Hérnia discal, por definição, é a tumefação do núcleo pulposo por ruptura das fibras do anel fibroso, ou seja, uma condição …

Escoliose

Escoliose Escoliose é um termo geral que compreende um grupo heterogêneo de condições que consiste em alterações na forma e posição da coluna …

 

Olá

Registre-se conosco para poder colaborar com artigos e conteúdos.

Ou entre caso já seja registrado.
Login